Frase da Vez:
Spoil yourself a little...
Gâtez-vous un peu...
"Biscoito da Sorte (e não é do chinês)"

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Filosofia Tibetana

Tenho muito, muito medo da morte. Mta gente tem, né, mas eu penso nisso com mta freqüência...
A amiga de uma amiga (!) recebeu este texto e me escolheu para compartilhar este ensinamento. Eu, como boa amiga, da amiga, da amiga (!!!), deixo vcs com este texto para reflexão, que, segundo elas, foi escrito pelo lama tibetano, Chagdud Rimpoche, pertencente à última geração de mestres que herdaram os tesouros destes ensinamentos milenares.
Rimpoche foi amplamente conhecido por sua capacidade de curar e treinou muitas pessoas na técnica de "Phowa", a transmissão da consciência no momento da morte. Chagdud Rimpoche viveu seus últimos anos no Brasil (Três Coroas, R.G.S.) tendo falecido em 2002. Foi transportado para o Nepal para cumprir os rituais fúnebres tradicionais tibetanos. Sua habilidade em permanecer em estado de meditação após parada respiratória impediu que seu corpo entrasse em processo de deteriorização à espera do momento oportuno para a cremação.
Vamos lá:
"Esse ensinamento sobre a morte e o morrer consegue alcançar lugares profundos no seu entendimento. Tudo que você deve fazer é ouvir plenamente, contemplar o significado e meditar até que a realização seja levada a cabo, em sua mente.
O que quer que pareça ser uma prioridade na sua vida é realmente muito temporário. Vem e vai. Nada é confiável. Nascemos sós e nus. Conforme nossa vida se desdobra, passamos por toda sorte de baboseiras: necessidades, posses, perdas, sofrimento, choro, tentativas... mas então morremos, e morremos sós.
Não faz diferença se somos ricos ou pobres, conhecidos ou desconhecidos. A morte é o grande nivelador. Nossas relações uns com os outros são como a chance de encontro de dois estranhos num estacionamento. Eles olham um para o outro e sorriem. Isto é tudo que há entre eles. Eles vão embora e nunca se vêem de novo.
Isto que a vida é — só um momento, um encontro, uma passagem, e então se vai. Se você entende isso, não há tempo para luta. Não há tempo para discussão. Não há tempo para ferirem uns aos outros. Quer você pense em termos de humanidade, nações, comunidades ou indivíduos, não há tempo para nada menos do que verdadeiramente apreciar a breve interação que temos uns com os outros .
Nossas prioridades mundanas podem ser irônicas. Colocamos em primeiro o que achamos que gostamos mais; então descobrimos que nosso querer é insaciável. Pagar a casa, escrever o livro, fazer o negócio ter sucesso, ajeitar a aposentadoria, fazer a grande viagem — coisas que estão temporariamente no topo da nossa lista de prioridades consomem completamente nosso tempo e energia. E então, ao fim da vida, olhamos para trás e nos perguntamos o que todas aquelas coisas significaram.
É como alguém que viaja num país estrangeiro e paga tudo com a moeda daquele país. Então ele vai até a fronteira e fica surpreso ao saber que a moeda do país não pode ser trocada pela de outro ou carregada além. Do mesmo modo, nossas posses e empreendimentos mundanos não podem ser carregados através do portal da morte. Se contarmos com eles, nos descobriremos repentinamente empobrecidos e privados.
A única moeda que tem algum valor quando viajamos através da barreira da morte é o nosso atingimento espiritual e ele começa com a intenção de nunca causar dano aos outros. Então, por favor, seja cuidadoso. A compaixão é o desejo fervoroso de que todos os seres sem exceção, encontrem liberdade do sofrimento. Para desenvolver uma compaixão genuína, que inclua todos, primeiro exercite a compaixão para com aqueles mais próximos; então a expanda aos estranhos e por último para todos os seres através do espaço.
Esse desejo pela felicidade dos outros é o que é verdadeiramente chamado de amor. Regozijar-se por qualquer medida de felicidade que outros tenham traz alegria ilimitada para nossa própria existência. Sempre reconheça as qualidades da vida como similares ao sonho e reduza o apego e a aversão.
Seja amável e compassivo, não importando o que outros façam para você. O que eles fizerem não irá importar tanto quando você vir isso como um sonho. A vitória sobre as falhas e sobre a delusão levam à vitória sobre a morte. Meu desejo para cada um de vocês é que atinjam todas as qualidades da compaixão e da sabedoria, e que vocês alcancem o último estágio da iluminação, além da vida e da morte".

- Sua Eminência Chagdud Rimpoche

(Livro Mrtyukala - Hora da Morte, Maria Helena de Bastos Freire)
Namaskar!!

Bjs superpoderosos,

:))

Um comentário:

Lucio disse...

matou a pau!
(hahaha)
Bom texto. E o que ele diz com "a vida é só um momento, um encontro, uma passagem, e então se vai. Se você entende isso, não há tempo para luta. Não há tempo para discussão." é que as coisas nao devem ser lavadas tao a serio a ponto de nos desgastar. nao ha tempo pra odio, desgaste, destruicao (luta), nao ha sentido em ficar se desgastando em discussao, e sim pra entrar em acordos, apenas procurar o entendimento atraves da simples troca por comunicação (assim nao precisa se chegar à discussões).

;)

mas a discussao da morte pra mim vai além disso. a nossa vida como indivíduos nao vale muito, só vale em um nivel individual. Porque como seres vivos estamos muito limitados. Mas temos a oportunidade de deixar um legado. Por Ex: se deixamos uma idéia, isso sim pode viver pra sempre, isso sim vale, vale muito mais que nossa vida individualista, porque a ideia se funde, se soma.. e cumpre o verdadeiro sentido do conceito VIDA - a união, o uno, a evolução de uma espécie.
Ou seja, sempre que penso na morte, lembro que meu medo é algo individualista, muito pequeno em relacao a verdadeira vida - o coletivo chamado universo.

(mas nao precisa publicar essas minhas elucubrações "Carl Sagan" nao... hahahaha..)

bjos